quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Estrada de Ferro Central do Brasil - Tarsila do Amaral

Obra escolhida para a realização do trabalho do abajur

EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil) é do mesmo ano da viagem da artista ao Rio e a Minas com o poeta suíço-francês Blaise Cendrars e outros modernistas. Evoca fortemente Léger com sua composição estruturada a partir de signos urbanos modernos: postes, pontes, sinalizações ferroviárias. A geometrização de elementos é bem evidente, assim como a simplificação das formas, o que seria uma constante em suas composições, elevando muito a linha do horizonte e dispondo ordenadamente os diversos elementos de alto à baixo. Todavia, a esta aparente racionalização do tema se contrapõe a cor "caipira" e lisa da fase pau-brasil, identificada com o nativismo modernista, sempre luminosa e sem sombras. O MAC possui também em sua coleção, além de alguns desenhos, A Negra, de 1923, antecipadora da fase "antropofágica" (1928), assim como a mágica Floresta (1929), e ainda Costureiras, óleo iniciado em meados dos anos 30 em plena fase de preocupação social da artista, retomado e finalizado em 1950.

Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral (Capivari SP 1886 - São Paulo SP 1973). Pintora e desenhista. Faz escultura com William Zadig (1884-1952) e Mantovani em 1916 na capital paulista. No ano seguinte estuda pintura e desenho com Pedro Alexandrino (1856-1942). Tem aulas com o pintor Georg Elpons (1865-1939). Viaja em 1920 para Paris, estuda na Académie Julien e com Emile Renard (1850-1930). Em 1922, em São Paulo, forma o Grupo dos Cinco, com Anita Malfatti (1889-1964), Mário de Andrade (1893-1945), Menotti del Picchia (1892-1988) e Oswald de Andrade (1890-1954). Em 1923, em Paris, estuda com André Lhote (1885-1962), Fernand Léger (1881-1955) e Albert Gleizes (1881-1953). No ano seguinte acompanha o poeta Blaise Cendrars (1887-1961), com Oswald de Andrade, Olívia Penteado, Mário de Andrade e outros, em viagem às cidades históricas de Minas Gerais. Realiza uma série de trabalhos baseados em esboços feitos durante a viagem. Nesse período, inicia a chamada fase pau-brasil. Em 1925 ilustra o livro de poemas Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, publicado em Paris. Em 1928, pinta Abaporu, tela que inspira o movimento antropofágico, desencadeado por Oswald de Andrade e Raul Bopp (1898-1984). Em 1933, após viagem à União Soviética, inicia uma fase voltada para temas sociais com as obras Operários e 2ª Classe. Em 1936 colabora no Diário de S. Paulo. Entre 1940 e 1944 cria ilustrações para a série Os Mestres do Pensamento, dirigida por José Perez. Realiza, em 1945, uma série de gravuras para o livro Poesias Reunidas de O. Andrade, a pedido do autor. A convite da Comissão do 4º Centenário de São Paulo, faz em 1954 o painel Procissão do Santíssimo.
O Modernismo no Brasil
A Semana de Arte Moderna (1922) é considerada o marco inicial do Modernismo brasileiro. A Semana ocorreu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, com participação de artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O evento contou com apresentação de conferências, leitura de poemas, dança e música. O Grupo dos Cinco, integrado pelas pintoras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti e pelos escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, liderou o movimento que contou com a participação de dezenas de intelectuais e artistas, como Manuel Bandeira, Di Cavalcanti, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, entre muitos outros.Os modernistas ridicularizavam o parnasianismo, movimento artístico em voga na época que cultivava uma poesia formal. Propunham uma renovação radical na linguagem e nos formatos, marcando a ruptura definitiva com a arte tradicional. Cansados da mesmice na arte brasileira e empolgados com inovações que conheceram em suas viagens à Europa, os artistas romperam as regras preestabelecidas na cultura. Na Semana de Arte Moderna foram apresentados quadros, obras literárias e recitais inspirados em técnicas da vanguarda européia, como o dadaísmo, o futurismo, o expressionismo e o surrealismo, misturados a temas brasileiros. Os participantes da Semana de 1922 causaram enorme polêmica na época. Sua influência sobre as artes atravessou todo o século XX e pode ser entendida até hoje.
A primeira fase do Modernismo: O movimento modernista no Brasil contou com duas fases: a primeira foi de 1922 a 1930 e a segunda de 1930 a 1945. a primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de solidificação do movimento renovador e pela divulgação de obras e idéias modernistas. Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam estas propostas: reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais; eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. Portanto, todas elas estão relacionadas com a visão nacionalista, porém crítica, da realidade brasileira. Várias obras, grupos, movimentos, revistas e manifestos ganharam o cenário intelectual brasileiro, numa investigação profunda e por vezes radical de novos conteúdos e de novas formas de expressão. Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das idéias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta. Esses movimentos representavam duas tendências ideológicas distintas, duas formas diferentes de expressar o nacionalismo. O movimento Pau-Brasil defendia a criação de uma poesia primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileiras. A Antropofagia, a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devoram seus inimigos para lhes extrair força, Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural. Em oposição a essas tendências, os movimentos Verde-Amarelismo e Anta, defendiam um nacionalismo ufanista, com evidente inclinação para o nazifascismo. Dentre os muitos escritores que fizeram parte da primeira geração do Modernismo destacamos Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.
Bibliografia:
Componentes do Grupo:
Felipe dos Santos n° 08
Ismael Fernandes n° 14
Lucas Santos n° 28
Stefany Balbás n° 37

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